O transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do desenvolvimento muito comum na
infância, possuindo forte influência genética, que atinge cerca de 3 a 7 % da população. O TDAH é
caracterizado principalmente por menor capacidade de atenção, impulsividade e
hiperatividade. Uma disfunção da região órbito-frontal do
cérebro pode estar associada a alguns sintomas do transtorno. Essa região está relacionada
com a inibição do comportamento, atenção sustentada, autocontrole e com o
planejamento do futuro.
O diagnóstico do TDAH é puramente clínico e não há exames complementares que auxiliem no diagnóstico. Segundo alguns autores, o advento de exames que consubstanciem o diagnóstico e diminuam o caráter subjetivo da decisão clínica seria muito bem-vindo. Nesse sentido, Lopes e colaboradores propõem a utilização do WISC-III
como uma das ferramentas de triagem para se levantar suspeita de TDAH e
direcionar para testes diagnósticos mais específicos, sendo, portanto uma
importante ferramenta de avaliação inicial.
O WISC-III é um teste constituído por
dois subconjuntos: o verbal e o de execução. Ao todo são 13 subtestes. Já se
sabe que através dos sub-testes de aritmética e dígitos, do subconjunto verbal,
do WISC-III, pode-se calcular um coeficiente de resistência à distraibilidade
(IRD) que é útil no diagnostico do TDAH. O artigo vai tentar avaliar, através
da escala de inteligência do WISC-III, um provável padrão de QI global, verbal
e de execução, na triagem para pacientes possivelmente TDAH positivos.
O estudo foi feito com uma amostra de 80
jovens, entre 6 e 15 anos, maioria do sexo masculino, e nos mostrou que os
jovens diagnosticados com TDAH (cerca de 65% da amostra), apesar de não
apresentarem QI abaixo da média esperada para a idade, tinham QI
significativamente inferior aos jovens sem TDAH. Isso é verdade para os três
QIs: o global, o verbal e o de execução (diferença de cerca de 15 pontos para
cada um deles).
Além disso, foi constatado que para os
quatro índices fatoriais (IRD, ICV, IOP, IVP) houve também diferença
significativa entre as crianças com TDAH positivas e as demais, tendendo os
menores valores para crianças com TDAH, conforme observado para os QIs.
Referência:
Lopes et al. Sensibilidade do WISC-III na identificação do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Panamerican Journal of Neuropsychology. 2012; 6(1):128-140.
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