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domingo, 2 de junho de 2013

WISC-III: uma ferramenta efetiva na triagem de crianças com TDAH

Por Giovanne Matos e Fábio



O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do desenvolvimento muito comum na infância, possuindo forte influência genética, que atinge cerca de 3 a 7 % da população. O TDAH é caracterizado principalmente por menor capacidade de atenção, impulsividade e hiperatividade. Uma disfunção da região órbito-frontal do cérebro pode estar associada a alguns sintomas do transtorno. Essa região está relacionada com a inibição do comportamento, atenção sustentada, autocontrole e com o planejamento do futuro.

O diagnóstico do TDAH é puramente clínico e não há exames complementares que auxiliem no diagnóstico. Segundo alguns autores, o advento de exames que consubstanciem o diagnóstico e diminuam o caráter subjetivo da decisão clínica seria muito bem-vindo. Nesse sentido, Lopes e colaboradores propõem a utilização do WISC-III como uma das ferramentas de triagem para se levantar suspeita de TDAH e direcionar para testes diagnósticos mais específicos, sendo, portanto uma importante ferramenta de avaliação inicial.



O WISC-III é um teste constituído por dois subconjuntos: o verbal e o de execução. Ao todo são 13 subtestes. Já se sabe que através dos sub-testes de aritmética e dígitos, do subconjunto verbal, do WISC-III, pode-se calcular um coeficiente de resistência à distraibilidade (IRD) que é útil no diagnostico do TDAH. O artigo vai tentar avaliar, através da escala de inteligência do WISC-III, um provável padrão de QI global, verbal e de execução, na triagem para pacientes possivelmente TDAH positivos.

O estudo foi feito com uma amostra de 80 jovens, entre 6 e 15 anos, maioria do sexo masculino, e nos mostrou que os jovens diagnosticados com TDAH (cerca de 65% da amostra), apesar de não apresentarem QI abaixo da média esperada para a idade, tinham QI significativamente inferior aos jovens sem TDAH. Isso é verdade para os três QIs: o global, o verbal e o de execução (diferença de cerca de 15 pontos para cada um deles).

Além disso, foi constatado que para os quatro índices fatoriais (IRD, ICV, IOP, IVP) houve também diferença significativa entre as crianças com TDAH positivas e as demais, tendendo os menores valores para crianças com TDAH, conforme observado para os QIs.

Logo, por esses achados, o WISC-III se mostra ferramenta efetiva para auxiliar no diagnóstico e encaminhamento de crianças com a patologia referida.

Referência:  

Lopes et al. Sensibilidade do WISC-III na identificação do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Panamerican Journal of Neuropsychology. 2012; 6(1):128-140.

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