Dividimos didaticamente a psicopatologia do pensamento no estudo dos elementos constitutivos do
pensamento (conceito, juízo e raciocínio) e do processo do pensar (curso, forma
e conteúdo do pensamento) (Dalgalarrondo, 2008).
- Elementos constitutivos do pensamento:
-
Conceito
-
Juízo
-
Raciocínio
- Dimensões do processo de pensar:
-
Curso
-
Forma (ou estrutura)
-
Conteúdo (ou temática)
- Elementos constitutivos do pensamento:
• Conceito:
-
Elemento cognitivo básico que identifica os atributos ou
qualidades mais gerais e essenciais de um objeto ou fenômeno.
Ex: O homem é um animal
(qualidade geral) racional (qualidade específica).
- Elemento estrutural básico do
pensamento, formado a partir das representações, onde se exprimem os caracteres
essenciais dos objetos e fenômenos.
- O conceito é puramente
cognitivo, sem qualquer resquício sensorial. Não é possível contemplar, ver,
ouvir ou sentir um conceito. A
eliminação desses elementos de sensorialidade se dá através do processo de
abstração.
Os conceitos resultam da síntese, por abstração e generalização, de um número considerável de
fenômenos singulares:
-Abstração: eliminação dos caracteres de sensorialidade.
-Generalização: exprimir os caracteres mais gerais do objeto ou
fenômeno.
• Juízo:
- Processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas entre
dois ou mais conceitos.
- Ato da consciência de atribuir ou negar uma qualidade ou atributo a um
objeto ou fenômeno.
- Forma uma relação unívoca entre um sujeito e um
predicado.
- Os juízos se expressam na linguagem através de proposições, enquanto o conceito se exprime na palavra. Entretanto, para explicarmos um conceito, fazemos inevitavelmente juízos.
- Os juízos podem expressar a verdade ou o erro, conforme eles correspondam ou não à realidade objetiva.
Ex: O homem é um animal racional.
- Os juízos podem expressar a verdade ou o erro, conforme eles correspondam ou não à realidade objetiva.
Ex: O homem é um animal racional.
- Operação mental que relaciona juízos, levando a formação de novos
juízos.
- No raciocínio dito lógico, a articulação dos juízos leva à chamada
conclusão.
Ex: “Se o homem é
um animal racional e o Lula é um homem, logo, o Lula é um ser racional”
- Em seu
sentido lógico, o raciocínio não é nem verdadeiro nem falso, e sim correto ou
incorreto. No exemplo acima, observa-se que o raciocínio está correto. Se ele é verdadeiro ou não, é outra discussão...
É importante destacar o que afirmava Nobre de Melo sobre a aparente logicidade do pensamento humano.
“O tipo e estilo do pensamento comum, do indivíduo sem
doença mental, é apenas precariamente lógico. Normalmente as pessoas tendem a
usar estereótipos, as decisões são tomadas sem as evidências factuais
necessárias, havendo geralmente um salto de impressões vagas para conclusões
aparentemente certas. Um grande número de crenças preconceituosas, sociais ou
pessoais, é mantido de forma insistente, por um número considerável de pessoas.
Tudo isso torna difícil a discriminação entre o normal e o patológico,
principalmente quanto aos tipos de pensamento e ao estilo do pensar.” (Nobre de Melo)
O processo do pensar:
- Curso do pensamento:
Modo como o pensamento flui, a
sua velocidade e ritmo ao longo do tempo.
-Forma do pensamento:
Sua estrutura, sua arquitetura,
a relação entre as idéias
-Conteúdo do pensamento:
Temática, substância do
pensamento, o assunto, a qualidade ou características das idéias.
Alterações do pensamento
- Pode ocorrer alteração em cada um dos elementos constitutivos do pensamento, bem como no curso e na forma do pensamento.
-
Apenas inexistem alterações do conteúdo do pensamento, pois o pensamento
admite qualquer conteúdo possível sem que isso em si seja indicativo de
patologia. Considere, por exemplo, os casos a seguir:
a) Um cirurgião acidentou-se com objeto infectado e pensou que podia se contaminar. Consequentemente, lavou-se copiosamente, como manda os preceitos médicos.
b) Um advogado tem constantemente um pensamento de que suas mãos estão contaminadas e sente-se impelido a lavar as mãos excessivamente, chegando a escarificar a pele. Sente breve alívio após lavar-se, mas pouco depois o pensamento de contaminação retorna à sua mente contra sua vontade. Reconhece o pensamento como próprio e até mesmo a irracionalidade do pensamento, mas não importa o quanto tente afastar o pensamento angustiante da cabeça, ele sempre retorna.
c) Uma cabeleireira há cerca de seis meses começou a escutar vozes que dizem que suas filhas (de 7 e 5 anos) foram contaminadas pelas bactérias do cuspe do diabo e que precisam ser lavadas em nome de Jesus. A mulher lava suas filhas com detergente, Pinho Sol, água sanitária e o que mais estiver ao alcance para livrá-las de uma doença incurável.
Em todos os casos acima, temos uma temática de contaminação. Entretanto, o primeiro caso (a) se trata de uma situação normal; no segundo caso (b), trata-se de pensamentos obsessivos de contaminação; e o terceiro caso descreve um delírio de contaminação e místico (além de alucinações). Ou seja, o mesmo conteúdo do pensamento pode estar presente em diversas situações, normais ou patológicas.
a) Um cirurgião acidentou-se com objeto infectado e pensou que podia se contaminar. Consequentemente, lavou-se copiosamente, como manda os preceitos médicos.
b) Um advogado tem constantemente um pensamento de que suas mãos estão contaminadas e sente-se impelido a lavar as mãos excessivamente, chegando a escarificar a pele. Sente breve alívio após lavar-se, mas pouco depois o pensamento de contaminação retorna à sua mente contra sua vontade. Reconhece o pensamento como próprio e até mesmo a irracionalidade do pensamento, mas não importa o quanto tente afastar o pensamento angustiante da cabeça, ele sempre retorna.
c) Uma cabeleireira há cerca de seis meses começou a escutar vozes que dizem que suas filhas (de 7 e 5 anos) foram contaminadas pelas bactérias do cuspe do diabo e que precisam ser lavadas em nome de Jesus. A mulher lava suas filhas com detergente, Pinho Sol, água sanitária e o que mais estiver ao alcance para livrá-las de uma doença incurável.
Em todos os casos acima, temos uma temática de contaminação. Entretanto, o primeiro caso (a) se trata de uma situação normal; no segundo caso (b), trata-se de pensamentos obsessivos de contaminação; e o terceiro caso descreve um delírio de contaminação e místico (além de alucinações). Ou seja, o mesmo conteúdo do pensamento pode estar presente em diversas situações, normais ou patológicas.
- Alterações dos conceitos:
-
Neologismos são palavras novas ou palavras
conhecidas recebendo novos significados.
Ex:
--
“Meu vizinho tentou me beritucar”.
--
“Meu vizinho tentou me obturar”.
(Queria dizer que o vizinho tentou extorqui-lo!).
-
Condensação dos conceitos:
--
Dois ou mais conceitos se fundem em um único
conceito que pode se expressar por uma nova palavra.
-
Desintegração dos conceitos:
--
Uma palavra adquire significados diversos. Os
conceitos são usados de forma pessoal e idiossincrática.
Ex: “Amando: a mando de alguém. Ele quer me matar.”
- Alterações dos juízos:
-
- Juízo deficiente ou prejudicado:
Juízos simplistas, concretos, decorrentes de uma
pobreza cognitiva ou intelectual. Em geral não são persistentes nem
irredutíveis e a temática é variável.
-
- Juízos patologicamente falsos
- Alterações do raciocínio:
-
Decorrente de uma alteração nos elementos
constitutivos:
> Concretismo,
pensamento vago, dereísmo (e mágico) e prolixidade.
-
Decorrente de uma alteração no processo do pensar:
> Raciocínio inibido, raciocínio incoerente.
*Descrição alternativa: de
acordo com o processo mórbido de base: deficitário, demencial, confusional.
-- Pensamento concreto (concretismo):
-
O indivíduo mostra-se incapaz de fazer a distinção entre o concreto e o
simbólico.
-
O concretismo pode ser apenas resultado de incultura, bem como de um
déficit intelectivo ou de outra situação patológica (ex: esquizofrenia,
autismo, demências).
*Reificação: “invasão do
abstrato pelo concreto”, ou seja, os conteúdos abstratos são transformados em
coisas concretas.
--
Pensamento vago:
-
A formação e concatenação dos juízos ocorrem de modo muito impreciso.
-
Como Dalgalarrondo acertadamente observa, não há um empobrecimento do
pensamento, e sim uma falta de clareza e precisão no raciocínio,
deixando-o por vezes com um caráter obscuro.
-- Pensamento dereístico:
-
O pensamento é mais baseado em
desejos, medos e sentimentos do que na lógica, “ignorando totalmente quaisquer
contradições com a realidade”.
-
Ex: Uma pessoa excessivamente fantasiosa também pode achar que é amigo do
governador pelo simples fato de ele lhe ter apertado a mão durante um comício
de campanha.
*O pensamento mágico
é um tipo de pensamento dereístico, já que ele também pode ser formado por influência
dos desejos, temores e fantasias do sujeito, adequando a realidade ao
pensamento.
No pensamento mágico, "a uma relação subjetiva de
idéias corresponde uma associação objetiva dos fatos". Tende a seguir duas leis:
- Lei da contiguidade ou do contágio
- Lei da similaridade
Pensamentos mágicos são comuns em diversas religiões e seitas religiosas. Um exemplo que segue a lei da contiguidade pode ser encontrado no Levítico (5:2): "Se alguém tocar, por inadvertência, uma coisa impura, como o cadáver de um animal impuro, de uma fera ou de um réptil impuro, ficará manchado e culpado". Um pensamento mágico que segue a lei da similaridade pode ser encontrado no vodu (ou hudu). Os pensamentos mágicos também estão presentes nas superstições e acompanham alguns pensamentos obsessivos (ex: "Se eu não somar os números das placas de carro terminados em 7 minha mãe morre").
-- Pensamento prolixo (prolixidade):
Raciocínio muito redundante e sinuoso, em que o
assunto central fica prejudicado por comentários paralelos supérfluos e
inúteis.
O paciente sempre acha que tem algo importante a
acrescentar e, se chegar a alguma conclusão, é após muito tempo e esforço.
O pensamento prolixo pode ser tangencial,
quando nunca cega ao ponto central, ou circunstancial, quando
eventualmente o paciente alcança o objetivo de seu raciocínio.
Alterações
do curso:
- Aceleração do pensamento
- Lentificação do pensamento
- Bloqueio do pensamento
- Roubo do pensamento (não é meramente uma alteração de curso, mas envolve uma série de outras alterações psicopatológicas)
Alterações
da forma:
-
Fuga de idéias (decorrente de taquipsiquismo)
-
Dissociação do pensamento
Dalgalarrondo propõe uma gradação da alteração formal de pensamento com os seguintes termos (do mais leve ao mais grave):
Dalgalarrondo propõe uma gradação da alteração formal de pensamento com os seguintes termos (do mais leve ao mais grave):
-
Afrouxamento dos laços associativos
-
Descarrilhamento
-
Desagregação
Entretanto, considerando a diversidade de termos utilizados por vários psicopatólogos, muito bem revisados por Elie Cheniaux (2005), consideramos razoável que se escolha quaisquer desses termos (ex: descarrilhamento, desagregação, dissociação do pensamento) e o qualifique com "leve", "moderado", "grave" para descrever as alterações formais de pensamento encontradas na esquizofrenia. Porém, reserve o termo "fuga de ideias" para as alterações formais decorrentes de taquipsiquismo, encontradas nos quadros maniformes.
Entretanto, considerando a diversidade de termos utilizados por vários psicopatólogos, muito bem revisados por Elie Cheniaux (2005), consideramos razoável que se escolha quaisquer desses termos (ex: descarrilhamento, desagregação, dissociação do pensamento) e o qualifique com "leve", "moderado", "grave" para descrever as alterações formais de pensamento encontradas na esquizofrenia. Porém, reserve o termo "fuga de ideias" para as alterações formais decorrentes de taquipsiquismo, encontradas nos quadros maniformes.
Conteúdo
do pensamento*:
-
Perseguição
-
Depreciativos
-
Religiosos
-
Sexuais
-
De poder, riqueza ou grandeza
-
De ruína ou culpa
-
Hipocondríacos
-
Fantásticos
- Etc.
*Inexistem alterações de conteúdo.
- Etc.
*Inexistem alterações de conteúdo.
DELÍRIO
Conceito:
Delirar: do latim, delirare
(de=fora; liros=sulcos).
Inglês: delusion= “ludibriado”, engano, erro.
O delírio é uma alteração tradicionalmente relacionada à formação de juízos. Através dos juízos, discernimos a verdade do
erro. Como já afirmamos, juízo é o ato da consciência de atribuir ou negar uma qualidade ou atributo a um objeto ou fenômeno. Ou seja, ajuizar é atribuir significados. Nesse sentido, o delírio é uma alteração relacionada à atribuição de significados. Nos delírios ocorre uma vivência de significação anormal. Essa "vivência delirante primária" é o que estaria por trás de um delírio autêntico. O sentido psicológico dessa vivência anormal estaria nas “novas significações do
ambiente”. A gênese do delírio seria uma anormalidade na “vivência de significação”, ou uma “vivência de significação idiossincrática” como propõem Alvarenga-Silva e Teixeira-Jr. Atualmente se sabe que, na verdade, a gênese do delírio antecede a atribuição de significados, ou seja, estaria ainda relacionado ao surgimento de "erros de predição anômalos". Não iremos entrar em detalhes nessa questão, mas para os interessados em aprofundar os conhecimentos na neurociência do delírio recomendamos a leitura do texto muito didático elaborado pela Brainwaves, ligada à British Science Association. Apesar dessas alterações antecedentes à formação de juízos, a aparente perturbação do juízo ocorre pelo fato de o delírio ser comunicado através de juízos, como observou Jaspers.
Vale lembrar que é através do juízo da realidade que distinguimos o que é real do que é fruto da nossa imaginação. Juízo implica julgamento, que é em parte individual, em parte sócio-cultural.
Vale lembrar que é através do juízo da realidade que distinguimos o que é real do que é fruto da nossa imaginação. Juízo implica julgamento, que é em parte individual, em parte sócio-cultural.
Juízos falsos podem ser
patológicos ou não. Deve-se diferenciar o erro dos
juízos falsos determinados por transtorno mental. Os erros ocorrem por
ignorância, julgar apressado, premissas
falsas. Surgem quando:
-Tomam-se coisas parecidas por
idênticas;
-Atribuir força de relação
consistente a coincidências fortuitas;
-Engano dos sentidos.
Os erros podem ser corrigidos pela experiência, por provas e dados que a realidade fornece. Para Jaspers, os erros são compreensíveis, enquanto uma das características do delírio é a incompreensibilidade. Tipos comuns de erros: preconceitos, crenças culturalmente sancionadas, superstições, idéias prevalentes.
Segundo Jaspers,
há três características essenciais:
- convicção extraordinária
(certeza subjetiva absoluta);
- o delírio é irremovível, não
se modifica por provas da realidade;
- o conteúdo é impossível.
É importante lembrar que Jaspers se equivocou ao definir o delírio como um juízo patologicamente falso, bem como ao atribuir as três características acima. Primeiramente, o juízo pode ser verdadeiro, apesar de não ter sido feito com base em evidências suficientes ("Jumping to conclusions") ou ter tomado um caminho pouco lógico. Por exemplo, um homem pode afirmar que sua mulher o trai pelo fato de ter lido a palavra "corno" em um banheiro público. De fato, a mulher o traia, mas ela não dava bandeira e o marido chegou a essa conclusão sem nenhuma evidência plausível. Quanto às outras características, nem sempre o delírio possui convicção extraordinária (essa "certeza" flutua ao longo do tempo); ele pode ser abalado ocasionalmente por argumentação lógica, especialmente quando a convicção não é extraordinária; e nem sempre o conteúdo é impossível. Sobre a impossibilidade do conteúdo, podemos imaginar um político que afirma estar sendo perseguido por seus correligionários. Esse conteúdo é plenamente possível de ocorrer, apesar de se tratar de um delírio. A impossibilidade de um delírio, na verdade, caracteriza o que chamamos de delírio bizarro.
É importante lembrar que Jaspers se equivocou ao definir o delírio como um juízo patologicamente falso, bem como ao atribuir as três características acima. Primeiramente, o juízo pode ser verdadeiro, apesar de não ter sido feito com base em evidências suficientes ("Jumping to conclusions") ou ter tomado um caminho pouco lógico. Por exemplo, um homem pode afirmar que sua mulher o trai pelo fato de ter lido a palavra "corno" em um banheiro público. De fato, a mulher o traia, mas ela não dava bandeira e o marido chegou a essa conclusão sem nenhuma evidência plausível. Quanto às outras características, nem sempre o delírio possui convicção extraordinária (essa "certeza" flutua ao longo do tempo); ele pode ser abalado ocasionalmente por argumentação lógica, especialmente quando a convicção não é extraordinária; e nem sempre o conteúdo é impossível. Sobre a impossibilidade do conteúdo, podemos imaginar um político que afirma estar sendo perseguido por seus correligionários. Esse conteúdo é plenamente possível de ocorrer, apesar de se tratar de um delírio. A impossibilidade de um delírio, na verdade, caracteriza o que chamamos de delírio bizarro.
Entre as características do delírio, acresce-se que o delírio é uma
produção associal e que traz sofrimento ao indivíduo. Esses são possivelmente as características mais importantes do delírio e o que o distingue de crenças religiosas, por exemplo. Nas religiões, as crenças podem ser gregárias e trazer bem estar àqueles que pertencem ao grupo.
Dimensões da atividade
delirante, indicadores de gravidade (Dalgalarrondo, 2008):
1-convicção
2-extensão
3-bizarrice
4-desorganização
5-pressão
6-resposta afetiva
7-comportamento desviante
(Observe que o primeiro critério é de grau de convicção. Ora, se todo delírio tivesse 100% de convicção, como afirmava Jaspers, esse não deveria ser um critério de gravidade, pois todas as pessoas que deliram seriam iguais nesse aspecto.)
Delírio primário
Para Jaspers, o verdadeiro
delírio é:
-psicologicamente
incompreensível, sem raízes na experiência psíquica humana normal;
-impenetrável, incapaz de ser
atingido pela relação empática;
-inteiramente novo, uma quebra
radical na biografia, uma transformação na existência do doente.
Delírio secundário
Não tem origem numa alteração
primária do pensamento, mas em outras áreas da atividade mental.
São produtos de condições
psicologicamente rastreáveis e compreensíveis. Por exemplo, um delírio megalomaníaco em um paciente em mania, ou um delírio de ruína em um paciente gravemente deprimido.
Classificação segundo a
estrutura:
-Delírios simples ou monotemático
-Delírios complexos ou multitemático
-Delírios não-sistematizados
-Delírios sistematizados
Surgimento e evolução do
delírio:
No período que antecede um surto (humor delirante, para
Jaspers, ou trema, para Klaus Conrad), o paciente sente aflição e ansiedade extremas,
como se algo terrível e pavoroso fosse acontecer, mas sem saber o quê. Possivelmente se refere ao momento em que começam a surgir erros de predição anômalos em excesso, para os quais ainda não foi atribuído significado. Há perplexidade, sensação de fim do mundo, estranheza
radical. O quadro termina quando se configura o delírio, isto é, quando se
“descobre o que está acontecendo de fato” (Apofania, de Conrad). Essa fase posterior pode se referir mais especificamente ao momento de vivência de significação primária ou de formação dos juízos. O delírio pode ser agudo ou crônico.
Conteúdos e tipos mais
freqüentes de delírio:
-Persecutório;
-de referência;
-de influência;
-de grandeza;
-querelância;
-de invenção ou descoberta;
-de reforma ou salvacionista;
-fantástico.
-místico ou religioso;
-celotípico, ou de ciúmes;
-erotomaníaco;
-de ruína;
-de culpa, ou auto-acusação;
-de negação dos órgãos;
-hipocondríaco;
-cenestopático;
-de infestação;
-etc.
-etc.
Referências:
Cheniaux E. Psicopatologia descritiva: existe uma linguagem comum?. Rev Bras Psiquiatr 2005; 27(2): 157-162. [Link]
Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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